Após o Seminário Continental Contra o Tráfico de Pessoas, que ocorreu em Bogotá, Colômbia, de 18 a 20 de agosto, a CLAR em comunicado oficial, junto a diversas redes ligadas ao combate do tráfico de pessoas, reiterou a importância do envolvimento de religiosos, órgãos governamentais e população no enfrentamento as causas estruturais que geram o Tráfico de Pessoas na América Latina.
Confira abaixo, o comunicado na íntegra:
“Saiamos depressa ao encontro da vida”!
CLAR – Conferência Latino-americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas – REDES CONTINENTAIS CONTRA O TRÁFICO DE PESSOAS (membros da Rede Mundial TALITA KUM): RAMA (América Central), TAMAR (Colômbia), KAWSAY (Peru, Paraguai, Uruguai e Argentina), UM GRITO PELA VIDA (Brasil), RAHAMIN (México).
Comunicado
Nós, membros das Redes Latino-americanas e Caribenhas da Vida Consagrada, que trabalham em colaboração com Leigos e Leigas contra o Tráfico de Pessoas, queremos denunciar à Opinião Pública, aos Meios de Comunicação, aos Governos e às Igrejas:
O aumento do crime do Tráfico de Pessoas em nosso Continente. Este crime está presente em todos os nossos países, atinge milhares de pessoas, em particular as mulheres e crianças em situações de vulnerabilidade e constitui uma violação incontestável dos direitos humanos fundamentais.
Como mulheres e homens consagrados e como leigas e leigos comprometidos em solidariedade com nossas irmãs e irmãos que sofrem as consequências deste crime, condenamos com firmeza não somente o Tráfico de Pessoas, mas também suas múltiplas causas econômicas, políticas, culturais e sociais.
Reivindicamos aos Governos que assumam sua responsabilidade de tornar visível este crime, respeitar e cumprir os acordos adquiridos, dedicar recursos humanos, econômicos e estruturais para o cuidado integral das vítimas e implementar leis que previnam e punam toda ação que tenta destruir a dignidade das pessoas, tornando-as objeto/mercadoria desta abominável forma de escravidão moderna. Pedimos especial atenção às populações vulneráveis, às fronteiras e crescentes movimentos migratórios que ordinariamente são o lugar perfeito para estas ações criminosas. É urgente que se criem caminhos que permitam uma atenção afetiva e imediata às vítimas.
Em nosso incansável compromisso em REDE e abertas/os a todo tipo de colaboração, solicitamos encarecidamente a todas as Igrejas, em particular à Igreja Católica, em suas Conferências locais e nacionais de bispos e de religiosos e religiosas e das Congregações religiosas, que se posicionem frente a este crime, se comprometam com as vítimas e denunciem com coragem todas as formas de Tráfico de Pessoas, defendam e promovam a vida e os direitos das pessoas, especialmente as mais vulneráveis. Sabemos que é nossa responsabilidade promover Redes em nível local, nacional e internacional, capazes de enfrentar eficazmente o Tráfico de Pessoas.
Comprometemo-nos a:
- Acolher, proteger, promover e integrar as vítimas do Tráfico de Pessoas e outras escravidões, para humanizar suas vidas tirando-as da humilhação a que estão submetidas.
- Trabalhar em Rede em todos os níveis, em colaboração com outras organizações sociais, civis, religiosas e políticas. Ajudar e acompanhar a criação de novas Redes em todo o Continente.
- Fortalecer os esforços e as iniciativas existentes para reduzir as causas do Tráfico de Pessoas, identificando e acompanhando áreas e populações mais vulneráveis.
- Potencializar e atualizar os recursos para a prevenção, proteção, assistência, educação, comunicação, incidência política e denúncia do Tráfico de Pessoas.
- Participar, em todos os níveis, em estudos e investigações para compreender melhor as causas, os fatores de risco e a vulnerabilidade nos novos cenários do Tráfico de Pessoas.
Sabemos que somente através da conscientização, visibilidade, colaboração e solidariedade seremos capazes de enfrentar as causas estruturais que geram o Tráfico de Pessoas.
Sentimos vivamente que, a partir dos gritos e dos silêncios das vítimas e sobreviventes do Tráfico de Pessoas – a escravidão do século – Deus continua nos chamando e nos convida a sair depressa, sem demora, ao encontro da vida ameaçada destas irmãs e irmãos que o sistema escraviza (cf Lucas 1, 30).
Bogotá, setembro de 2017.