Conversa com dom João: Consagrados e Consagradas na Escola da Comunhão

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Por Rosinha Martins| 30.08.14| Chegou a 1.100, o número de consagrados e consagradas reunidos em Curitiba, de 28 a 29 de agosto para uma conversa franca e amigável com o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Dom João Braz de Aviz, sobre temas afins.  O evento teve característica ecumênica, pois reuniu consagradas da Irmandade Evangélica de Maria (composta por cristãs das Igrejas Luterana, Católica Romana, Presbiteriana, Metodista, Batista, Carismática e judaica);  consagrados e consagradas de rito oriental, da Igreja Católica Romana.

Ao dar continuidade sobre o tema “Consagrados e Consagradas, Discípulos e Discípulas do Senhor na Escola de Comunhão”, o cardeal ressaltou alguns binômios que a seu ver, é   fundamental que sejam superados na Vida Religiosa Consagrada, pois, não favorecem aquela  comunhão  a modelo da Trindade. “O outro não pode ser impedimento para o meu aprofundamento na relação com Deus. A Vida Trinitária é a base e  sinal eloquente da vida eclesial”, disse.

1.     Autoridade e obediência

A compreensão e o modo de viver a autoridade e obediência hoje não dão mais. Ou vivemos a partir da fraternidade, ou impomos as coisas que são nossas e não de Deus. Autoridade sem o mistério trinitário é autoritarismo, e, me desculpem, é imbecilidade. Não podemos agir desta forma.

2.     Homem – mulher

Alguns carismas tem um único governo com a mesma família religiosa e o mesmo capítulo feito em comum, e posso citar como exemplo, os cistercienses: Coisa bonita, quando há maturidade. O homem consagrado tem que deixar de ser problema para a mulher consagrada  e a mulher consagrada tem que deixar de ser problema para o homem consagrado.  Mas, precisa haver uma maturidade nova. Se como homem, não consigo ver a mulher como algo bom no meio do caminho, com maturidade, sou menos homem e vice-versa.

 3.  Jovem e pessoa idosa

Porque essa fratura: o jovem não ama mais o velho e o velho não dialoga mais com o novo? Há muitos idosos que não falam mais porque ninguém o escuta, e o jovem se não é aceito, não permanece.  Temos que encontrar a forma  de destrancar a porta do coração do velho para que ele tire do seu coração os tesouros que possui, mas para isso é preciso estar ao seu lado.

4.     O trinômio mestre-discípulo – missionário

Se o mestre for bom, se mistura com os discípulos e,  um discípulo bom se sente atraído pelo mestre e os dois partem para a missão. Temos que mudar para uma experiência madura e livre de fraternidade assim como a Eucaristia é livre na nossa vida, através da qual Deus se deixa até manipular, como pão, a nosso favor.

O mestre tem que ser discípulo. Se os dois são dois discípulos portadores da identidade de filhos de Deus, ai sim, o mestre pode ser mestre e discípulo. Na sociedade ninguém aceita mais ser dominado. Quem manda e quem obedece tem a mesma missão. Se mestre e o discípulo se reconhecem irmãos, ali pode haver autoridade e obediência. Fora disso só haverá escravidão. Autoritarismo e escravidão, não podem fazer parte da nossa vida de consagrados.

Dom João deu ênfase, também, ao lugar da mulher na Igreja. Segundo ele, é preciso criar espaços de participação delas nos vários setores, em todos os níveis, sobretudo naquilo que lhes diz respeito. “O papa esta pedindo que as mulheres ocupem seus lugares no vaticano”. E fez memória ao Papa Paulo VI, que constantemente se questionava sobre a ausência das mulheres na Cúria Romana, dizendo: “Onde está os outros cinquenta por cento da humanidade que não está aqui?”.

De acordo com o Cardeal não se pode mais nos dias de hoje dar continuidade a uma Igreja de castas. “O papa tirou até o titulo de monsenhor da Cúria”. E acrescentou: “Uma noviça não é menos que a madre geral, não tem que ser posta de lado; um seminarista não é menos  que o padre”, afirmou.  Para dom João, a dignidade da pessoa precisa ser manifesta em nosso modo de ser.

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