Presidente nacional da CRB faz apelo aos Bispos na Assembleia Geral da CNBB

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Por Rosinha Martins| 15.04.2015| Por ocasião da 54ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que encerra nesta sexta, 15, a presidente nacional da CRB, Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, dirigiu uma mensagem aos Bispos presentes na Assembleia.

Irmã Maria Inês, falou sobre a importância da Vida Consagrada na Igreja do Brasil, seu papel profético e os sinais de esperança que ela tem sido.

A presidente da CRB fez uma súplica aos Cardeais, arcebispos e bispos em defesa dos quase 40 mil religiosos e religiosas em missão no Brasil . Pedi-lhes mais acolhida e mais valorização da Vida Consagrada e que todos a ajude a ser fiel aos diversos carismas fundacionais e a cultivar a esperança.

Leia a íntegra da mensagem.

1. Introdução

“A Vida Religiosa Consagrada tem a especial missão de colaborar com a missão da Igreja. Com efeito, Bento XVI recorda que “a vida consagrada resplandece em toda a história da Igreja, pela suacapacidade de assumir explicitamente o dever do anúncio e da pregação da Palavra de Deus, na missão “ad gentes” e nas situações mais difíceis”

Cremos que a Vida Consagrada é um dom para a humanidade e segue sendo uma alternativa necessária para viver o seguimento de Jesus com mais humanidade, ternura e alegria. O apelo do Papa Francisco aos consagrados e consagradas é que “despertem o mundo”!

É urgente que algo ressuscite na Vida Consagrada. Estamos, como crb, na sua específica missão de animar a VRC. Neste tempo de desconforto, de desencontros, de diminuição, é necessário ter olhos atentos e coração pleno de esperança na Vida Consagrada. Estamos preparando a XXIV Assembleia Geral sob o tema: “Vida Religiosa em Processo de transformação” com o lema: ” Vejam que estou fazendo uma coisa nova! vocês não estão vendo?” (is 43,19)

2. Há muitos sinais de esperança na Vida Religiosa Consagrada

Temos a convicção que a Vida Consagrada tem vida e é um presente para a Igreja e para a humanidade. A Vida Consagrada não terminou ainda sua viagem pelo túnel que atravessa as entranhas mais obscuras e duras da sua existência; e o risco desta viagem, que parece interminável, é o desgaste e o enfraquecimento da esperança e da alegria e o acomodar-nos na obscuridade.

2.1 Vitalidade profética na centralidade de Jesus Cristo e seu Reino

A Vida Consagrada está buscando voltar ao essencial, num renovar-se e consolidar-se desde a dinâmica própria do Evangelho e do Reino, desde o pequeno, o secreto, o silencioso e escondido. Na medida que a Vida Consagrada se centra em Jesus, em sua Palavra e em sua Missão, empreende o “caminho de saída”, de desenvolvimento.

A dimensão contemplativa de nossa vida implica uma Vida Consagrada com os olhos bem abertos e dispostos a ir as “periferias existenciais”, onde se sofre, onde há carências e necessidades. Uma Vida Consagrada assim contagia! Disto depende em grande parte a fecundidade de nossas Congregações.

2. 2 Vitalidade profética na vida em comunhão

Temos sede de recriar nossa vida comunitária, passar de uma “vida em comum” a uma “comunidade de vida”. Sentimos o chamado a construir, em nossa comunidade e em nossas pastorais, dinâmicas humanizantes e humanizadoras. Estamos interpelados e interpeladas a viver a “cultura do encontro” e da “comunhão”.

2. 3 Vitalidade profética na comunhão com a mãe-terra

Cresce a consciência de nossa comunhão com a mãe terra, com o cosmo inteiro. Nos preocupamos mais em cuidar, cultivar, abrir espaços que acolham e façam crescer a vida, a alegria, a ternura e o consolo.

É preciso atitude generosa e corajosa na mudança nos estilos de vida. “A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora”!

2. 4 Vitalidade profética na missão

Onde estão os excluídos, os marginalizados e os mais pobres de nossa sociedade, aí está a Vida Consagrada, desde os seus primórdios. Percebemos, pouco a pouco, mais coerência e encarnação, mais presença nas fronteiras, mesmo que no decorrer da história, no lento processo de adaptação às necessidades e a própria sobrevivência, ficamos sobrecarregados pelas grandes obras. Estamos empreendendo um novo êxodo até as periferias, até o mundo dos abandonados; queremos seguir acompanhando nosso povo em suas necessidades, aspirações e desesperanças.

Nos desafiam as novas realidades, necessidades, novas periferias existenciais, incluindo as fronteiras do pensamento e a cultura, e sobretudo, enfrentar os novos rostos de pobreza.

Há muito a mudar na geografia da Vida Consagrada e repensar a nova inculturação do carisma, porém, ao menos, estamos questionando nossas presenças, não somente “como estamos e onde estamos”, como também os lugares atuais da nossa missão.

Somos impulsionados/as às experiências intercongregacionais e a partilha da missão com os leigos. Precisamos muita liberdade evangélica para não ter medo de deixar cair as estruturas caducas.

Somos interpelados e interpeladas a contemplar com intensidade nosso contexto histórico atual, bem como da Vida Consagrada e seu futuro, assumir nossa realidade “minoritária e envelhecida”, com presenças mais significativas e pobres, com menos estruturas, uma missão-serviço e não mera administração.

Seguimos escutando “Deus onde a vida clama” e deixando-nos ler pela realidade. A VRC está chamada a ser consciência profética no mundo. Isto nos enche de esperança. A esperança também supõe audácia e profecia.

3. Imploramos aos senhores Cardeais, Arcebispos e Bispos

3.1. Mais acolhida à Vida Religiosa Consagrada. Continuam acontecendo situações muito sofridas nos relacionamentos em nossas igrejas. É lamentável que isso aconteça pois damos um enorme contratesmunho ao nosso povo. Tivemos nos últimos dias 04 e 05 de abril, em Brasília, a reunião dos presidentes e assessores executivos de nossas 20 seções regionais e apelamos para o empenho no diálogo e comunhão em todas as igrejas particulares. Solicitamos, a cada regional, que tomando conhecimento e contato com alguma situação, que procurem imediatamente o bispo para um diálogo fecundo e eclesial e em unidade busquem o caminho.

Estamos rezando e mantemos o coração cheio de esperança pela superação do clericalismo e machismo em nossa igreja. É muito dolorosa essa situação e machuca muito nosso povo.

3.2. Mais valorização da Vida Religiosa Consagrada.

Louvamos ao senhor que desperta novas formas de vida consagrada! É maravilhoso, mais gente para somar conosco, mas não precisamos menosprezar as inúmeras congregações que deram e continuam dando tudo de si em fidelidade generosa e testemunho profético. São inadimissíveis atitudes de desconhecimento e até exclusão de comunidades religiosas e super valorização de novos grupos, novas comunidades e o outras formas de vida consagrada.

Precisamos reconhecer a vida doada de nossas irmãs e irmãos anciãos , ricos em anos, em esperança e alegria. Com eles e elas construímos o passado, o presente e o futuro da vida consagrada. Grande testemunho chegar a idade avançada alegre, feliz e pascal.

Num encontro nacional da Vida Consagrada inserida frei Carlos Mesters declarou: “o que aqui vejo são cabeças de prata, corações de ouro e pés de ferro”. Isso diante do quadro de pessoas tão encarnadas e comprometidas com o povo e já de cabelos brancos – cabeças de prata!

3.3 Ajudem-nos a sermos fiéis aos nossos carismas fundacionais.

Ajudem-nos a trazermos a memória nossos fundadores e fundadoras. O que fariam hoje?

Eles/as foram homens e mulheres de esperança, com fogo. Resplandeceram como tochas no meio da escuridão, no meio da história que os levou não somente viver, como fazer com grande empenho e amor pelo povo. A paixão por cristo e pela humanidade estava no centro dos seus corações, das suas vidas e tinham a capacidade de intuir as necessidades mais urgentes, com criatividade e audácia, com o amor e o fogo que os habitava.

3.4 Ajudem-nos a cultivar a esperança!

O Papa Francisco nos animou dizendo: “que nada nos roube a esperança! Não nos deixemos intimidar pelo profetas do desânimo que querem decretar nossa morte e nos dizem que a esperança não cabe neste momento, na história da vida consagrada”! Nós acreditamos que esse momento seja passageiro e na medida que formos capazes de viver hoje o carisma, dando o testemunho profético, alegre e testemunhal essa fase pode ser superada!

É tempo de diminuir, tempo da profecia, da pequenez, do não poder, do não reconhecimento… “o prestígio e os números não são os melhores amigos da vida consagrada hoje, e sim o serviço que se faz na gratuidade e na alegria”, diz ainda o Papa.

4. Conclusão

Recordemos que há um rosto de luz e esperança que nos tem visitado, como sentinela, o amanhecer dos nossos povos: Nossa Mãe Maria, de todos o Nomes, de todas a nações. Estamos em sua casa! Ela nos dirá as mesmas palavras que dirigiu ao pequeno São Juan Diego, em sua manifestação em Guadalupe: [ Vida Consagrada] “Não estou eu aqui? Sou tua Mãe. Não estás sob minha proteção? Não sou a fonte da alegria? Não estás sob meu manto e apertada entre meus braços? Tens necessidade de alguma outra coisa”?

Confiemos a Trindade e a Maria a nossa Vida Consagrada!

Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro,mad

Presidente da CRB Nacional

Aparecida, 14 de abril de 2016

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