Tráfico Humano: Goiás lidera o ranking. Religiosas vão às ruas de Goiânia para denunciar

Compartilhe nas redes sociais

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no telegram
Telegram

Por Rosinha Martins| 09.06.14| O Estado de Goiás tem liderado o ranking no Tráfico de Pessoas no país.  A atividade criminosa submete as vítimas ao cárcere privado, exploração sexual, consumo de drogas, ameaças, trabalho escravo e venda de órgãos humanos. Dados de inquéritos apurados pela Polícia Federal, o Estado goiano, sete vezes menor que o estado de São Paulo, é responsável por 26% dos casos de tráfico de pessoas e escravidão registrados no país.

De acordo com Valdir Monteiro, membro da Comissão Executiva de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas de Goiás, a instituição tem trabalhado na capacitação de agentes de enfrentamento do crime nas cidades do interior para conscientizar as pessoas sobre o problema que tem preocupado órgãos do governo e instituições cristãs.

“Estamos aproveitando a CF 2014 para fazer esse trabalho em todas as Igrejas, através de rodas de conversa e palestras”, disse. Monteiro informou também que a comissão investigará as condições de trabalho dos imigrantes haitianos, bengaleses e bolivianos, nos frigoríficos de Goiânia, lugar propenso à escravidão e tráfico”.

No mês passado a empresa C&A, de Goiânia, foi condenada pelo Ministério Público do Trabalho por manter funcionários em condições análogas ao trabalho escravo. Conforme a investigação, a empresa, obrigava os funcionários a trabalhar em feriados sem autorização em convenção coletiva e não homologava rescisões no sindicato dos trabalhadores.

Além do mais, a empresa  não concedia intervalo de 15 minutos quando a duração do trabalho ultrapassava quatro horas,sem intervalo para o repouso e alimentação e prorrogava a jornada de trabalho além do limite legal e não pagava horas extras.

“As consequências foram danosas para a empresa, por ser mundial e viver das negociações internacionais das suas ações. Porém, a maioria dos países não aceitam o trabalho escravo”, salientou Monteiro.

Outro problema grave, segundo Monteiro, é o caso de travestis vindos do Pará, Piauí e Maranhão para a cidade de Goiânia. Muitos são mortos e vivem em condições de trabalho escravo e são explorados sexualmente. “Eles trabalham de maneira escrava para uma cafetina que os contrata, compram dela seios e nádegas, o chamado ‘óleo de avião’ e devem pagar para a mesma o material comprado somando-se a isso outras dívidas e os problemas de saúde que enfrentarão no futuro”, acrescentou.

Para combater a situação, organizações tem investido no Projeto Casulo, um investimento em casas de passagens para travestis, onde estes permanecem por um tempo, recebendo orientações, tratamentos necessários para o resgate da dignidade. “Muitos são inseridos no mercado de trabalho e levam uma vida digna de ser humano sem precisar vender seus corpos”.

Para Monteiro, o trabalho realizado pelas Religiosas tem feito a diferença no combate e conscientização do Tráfico de Pessoas. “A CF 2014 tem como tema  o Tráfico Humano, graças às Irmãs. Eles conseguiram 80 mil assinaturas para o presidente da CNBB fazer a inclusão do tema na CF e foram três anos de trabalho com este objetivo. Elas trabalham muito, não param, estão nas praças, trabalham conosco. A maioria estão acime de 60 anos mas tem muita força, estão sempre na luta”, concluiu.

Vida Consagrada vai às ruas para denunciar

A identidade era bem definida: Rostos serenos, olhar avante, passos firmes de quem tem certeza da causa pela qual luta. Eram mulheres, homens, consagrados e consagradas, jovens e crianças que marcharam por um longo período de tempo da Praça Botafogo, da avenida Anhanguera  ao teatro de Goiânia, na manhã do sábado, 07,  para denunciar o Tráfico de Pessoas e convidar a  sociedade  para jogar a favor da vida.

O evento foi organizado pela Rede Um Grito pela Vida, da Conferência Regional dos Religiosos de Goiânia e contou com parceria de órgãos do governo e obras sociais da capital goiana.

“Foi um momento de unidade, de participação da juventude, das escolas, das obras sociais, e agradecemos a todos os que vieram”, disse a coordenadora da CRB, Irmã Inês Alves Sampaio.

A manifestação, que ocorreu de forma pacífica, foi uma oportunidade para distribuição, de folhetos com informações precisas sobre o Tráfico de Pessoas e de como se prevenir. Ao final da marcha, os manifestantes puderam ouvir relatos da polícia e de órgãos do governo que atuam no enfrentamento do Tráfico.

O testemunho do sr. João comoveu a todos os que estavam na praça. Ele narrou a história do desaparecimento de sua filha, Simone Borges Felipe, traficada e morta há 19 anos. “Minha filha foi levada para a Espanha e obrigada a se prostituir e veio a falecer envenenada, por ter denunciado para a família a situação na qual se encontrava”, afirmou.

A Campanha Jogue a favor da vida – denuncie o Tráfico de Pessoas pretende levar às ruas de todas as cidades-sedes da Copa do Mundo, religiosos, leigos, pessoas de boa vontade que possam ajudar na conscientização sobre a questão do Tráfico de Pessoas e da Exploração Sexual, que em tempos de megaeventos tende a crescer.

Na capital federal, no próximo dia 11, acontecerá uma Caminhada em memória das vítimas do Tráfico de Pessoas. A Caminhada é uma das atividades da Campanha da Rede Um Grito pela vida e está sendo organizada pela equipe da CRB Nacional em parceria com a Arquidiocese de Brasília e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Pontifícias Obras Missionárias (POM), Setor Pastoral Social, Vocacional, Mobilidade Humana da CNBB, Rede Um Grito pela Vida de Brasília, Centro Cultural Missionário (CCM) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

A Caminhada terá início às 19, no Museu Nacional.

Publicações recentes