Vice-presidente da CRB Nacional faz balanço do triênio e fala sobre as perspectivas para o futuro

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Por Monica Kondiziolková| 16.07.13 |      Ele destacou o Projeto Haiti, o cuidado com as novas gerações e o aprofundamento da questão da identidade da vida religiosa, além de ressaltar que para viver e servir num mundo complexo e mutante é preciso estar preparado para interpretar os seus sinais e dar-lhes respostas.

 Em sua opinião, dentre as ações realizadas pela CRB Nacional no triênio, quais são aquelas que merecem destaque?

Padre Carlos Palácio: Eu destacaria como ações relevantes da CRB Nacional neste triênio – além dela dinamizar os projetos que são fundamentais para o seu funcionamento, tanto em termos de programação, de formação para a vida religiosa, como de outros aspectos importantes para a sustentação da sua dinâmica – duas ou três ações. Em termos de projeto missionário eu creio que o Projeto Haiti foi uma das iniciativas mais importantes. Não só pelo valor simbólico de ajuda ao povo haitiano, com todo o drama pelo qual passaram e com toda a problemática da reconstrução do país, mas também como sinal muito bonito da vida religiosa do Brasil em sua dimensão missionária, ao mesmo tempo concentrada na ajuda aos mais necessitados naquele momento.

Outro destaque muito importante foi o cuidado e a atenção dada às juventudes e às novas gerações da vida religiosa, por meio do congresso que foi realizado, mas também pela projeção que isso tem: de interesse pelas novas gerações, por tratar de compreender as preocupações, as linguagens, os questionamentos que os jovens trazem, como algo que faz parte do repensar-se constantemente a vida religiosa. Então, a atenção dada ao projeto da juventude, sobretudo com a realização do congresso, foi outro ponto alto do triênio empreendido pela diretoria atual da CRB Nacional.

Um terceiro aspecto que me pareceu muito importante – mas que é de outra natureza – foi a percepção da diretoria atual em relação à necessidade de ajudar a vida religiosa a aprofundar a questão da sua identidade enquanto vida religiosa apostólica. E, portanto, recuperar para esse aprofundamento toda uma dimensão de espiritualidade, de fundamentação, digamos assim, da mística desse tipo específico da vida religiosa que é a vida apostólica. Neste sentido, por exemplo, a temática desta Assembleia, baseada no evangelho, nos relatos dos discípulos de Emaús, é também muito significativo e simbólico, que revela a consciência que esta diretoria teve ao longo desse triênio.  O tema também foi trabalhado no Seminário Nacional que houve em 2012, em Itaici, em São Paulo. Em minha opinião, esses são os três grandes projetos que eu destacaria neste triênio. Há muitos outros na área de formação, de comunicação, enfim, que foram apresentados. Relatório e que também acho que são extremamente relevantes, mas destaco esses três.

O senhor poderia citar algum desafio que foi marcante neste triênio de atividades da CRB Nacional?

Padre Carlos Palácio: Eu acho que a vida religiosa tem que tomar cada vez mais consciência de que ela não pode viver, digamos assim, buscando a tranquilidade e acomodando-se. É preciso interpretar os sinais para viver numa cultura e num mundo cada vez mais acelerado, em todos os sentidos. Portanto, com mudanças constantes e muito rápidas, isso é algo que tem que passar a fazer parte da própria compreensão da vida religiosa, de si mesmo. Ou seja, os desafios não são uma realidade transitória, mas é, e será, cada vez mais, em vista do futuro, uma maneira de ser, com a qual a vida religiosa tem de se acostumar. Em outros termos, nós temos que aprender a viver interpretando os sinais que vão aparecendo e procurando dar-lhes respostas à medida que Deus também nos vai interpelando através deles. Então, mais do que destacar um ou outro desafio, eu acho que essa situação merece atenção. Essa maneira de existir numa realidade que vai ser, cada vez mais, mutável, cada vez mais acelerada e que por isso mesmo, vai exigir uma capacidade cada vez maior de adaptação, de flexibilidade e de disponibilidade para ir acompanhando essa realidade. Isso não significa adaptar-se simplesmente às modas. Significa estar preparado para grandes mudanças e transformações. Assim como a vida religiosa e mesmo a Igreja viveu, durante muitos séculos, uma espécie de calmaria muito grande que lhe permitiam passar muito tempo sem mudar estruturas ou mentalidades etc., hoje em dia ocorre o extremo oposto. A cultura e a sociedade das mudanças constantes, alimentadas justamente pela ciência, pela tecnologia, pelos meios de comunicação, imprimem à sociedade uma maneira de ver o mundo e a realidade que nos cerca, e, igualmente, à Igreja e à vida religiosa.

Qual a perspectiva de futuro para a vida religiosa no Brasil, a partir desse cenário complexo de mudanças? Qual seria o seu grande desafio?

Padre Carlos Palácio: Eu diria que a vida religiosa tem como grande desafio, mais do isso, uma grande oportunidade, de mostrar o que ela é. Isto é: testemunho do amor de Deus diante dos homens, principalmente entre os mais necessitados. Uma vida voltada, cada vez mais, para o serviço aos outros, em suas mais diversas necessidades. Para um serviço que transmita aos homens e mulheres da nossa época o carinho e a ternura de Deus para com este mundo e com esta realidade dada. O grande carisma da vida religiosa é exatamente apostar na vida e lutar por ela, em todas as situações.

Padre Carlos Alfonso Palácio y Larraury é sacerdote jesuíta, Provincial da Companhia de Jesus no Brasil e vice-presidente da CRB Nacional – Conferência dos Religiosos do Brasil 

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